Qual o passo a passo para rastreio e isolamento mais rápido de casos expostos à covid-19? Como gestores podem participar do processo de detecção precoce de casos? As respostas a essas novas questões para o enfrentamento da pandemia estão no Protocolo de Gestão Segura e Saudável das atividades produtivas em tempos de Covid-19 nas Empresas, elaborado e disponibilizado gratuitamente pelo Serviço Social da Indústria (SESI).

O novo guia atualiza o protocolo lançado pelo SESI em 2020, com recomendações e melhores práticas referendadas por órgãos nacionais e internacionais de saúde. A principal novidade da edição são as medidas de rastreio e isolamento rápido de pessoas que tiveram contato com casos confirmados de Covid-19. Elas são inspiradas em método usado nas décadas de 1980 e 1990 para combate a doenças transmissíveis por vias aéreas, como sarampo e varíola.

Segundo Katyana Aragão, gerente-executiva de Saúde e Segurança na Indústria do SESI, a metodologia está sendo adotada por empresas em todo mundo para controlar a transmissão do coronavírus no ambiente de trabalho.

“A proteção aos trabalhadores da indústria, que é uma atividade essencial, precisa ser reforçada neste cenário de aumento de casos e mortes por covid-19, surgimento de cepas novas e processo de vacinação ainda incipiente”, assinala Katyana.

Entre as condições para uma pessoa ser considerada um “contactante” – aqueles que tiveram contato com casos confirmados de covid-19 – são: haver tido contato físico direto, como aperto de mãos e manuseio de objetos comuns, e estado a menos de um metro de distância de pessoas contaminadas, por um período mínimo de 15 minutos.

Profissionais de saúde que prestaram assistência em saúde a pessoas com covid-19 sem equipamentos de proteção individual e pessoas com contato com caso confirmado no ambiente doméstico também são considerados contactantes.

“Essa definição é importante para o profissional que decidirá o afastamento, a testagem e a condução dos casos suspeitos e confirmados, sobretudo em caso de surto”, destaca o documento do SESI.

Pequenas e médias empresas são as grandes beneficiadas com protocolo de saúde e segurança
O protocolo é elaborado por equipe multidisciplinar, com médicos do trabalho, epidemiologistas, engenheiros de saúde e segurança no trabalho, psicólogos e outros especialistas do SESI. Pode apoiar, sobretudo, pequenas e médias empresas que, geralmente, não contam com uma área de saúde e segurança nem com médico do trabalho. Nessa situação, o SESI propõe que gestores e trabalhadores sejam capacitados para fazer o monitoramento diário dos colegas, por meio de perguntas simples, como se estão todos bem.

Outra recomendação é não permitir que pessoas com sintomas de gripe, casos suspeitos de covid-19 e pessoas que tiveram contato com casos compareçam ao ambiente de trabalho. Para fazer essa triagem, é possível criar formulários digitais ou usar aplicativos gratuitos.

No documento, há ainda recomendações para adequações no ambiente físico de trabalho, de forma a garantir a proteção e o distanciamento mínimo de um metro entre os trabalhadores; e para adoção de novas rotinas de trabalho durante a pandemia, incluindo cuidados com familiares e a saúde mental. Neste último tema, o protocolo inclui propostas de como oferecer apoio aos colegas, que foram adaptadas do guia da OMS para primeiros cuidados psicológicos.

Além disso, traz um passo a passo sobre o ciclo de cuidado com a saúde das pessoas e medidas de pesquisa e inovação para reforçar o enfrentamento da pandemia no ambiente de trabalho, entre os quais está implantação de protocolos e metodologia de rastreio.

Grandes indústrias antecipam medidas de combate ao coronavírus
Grandes indústrias adotaram medidas para garantir mais segurança dos trabalhadores antes mesmo do primeiro caso de covid-19 ser anunciado no Brasil e de o governo iniciar as recomendações de isolamento social. A fabricante de equipamentos GE, com 9,8 mil trabalhadores no Brasil, investiu na digitalização da estrutura de saúde, com teleconsultas e rastreamento de casos de forma eletrônica, e internalizou a coordenação dos cuidados com a saúde dos trabalhadores.

Conforme a diretora de Programas de Saúde da GE, Márcia Agosti, o rastreamento eletrônico de casos começou assim que surgiram os primeiros casos de coronavírus na China, no fim de 2019. “Como trata-se de uma multinacional, logo no início da pandemia a empresa investiu rapidamente em formulários de riscos físicos e epidemiológicos e esse monitoramento obrigatório é feito diariamente”, destaca. “A área médica recebe os formulários e, em caso suspeito ou confirmado, faz o primeiro contato, o acolhimento e endereçam soluções no mesmo dia.”

Além disso, a GE trabalha de forma próxima com secretarias de saúde de municípios, em especial os do interior onde tem planta industrial instalada. Foram notificados 100% dos casos suspeitos e confirmados para alimentar o sistema e facilitar a gestão pública de saúde.

No caso da Ambev, todos os funcionários de grupos de risco e de serviços administrativos estão em home office. Já nas unidades de produção, houve reforço de protocolos de higiene e segurança e, caso qualquer funcionário relate sintomas de covid-19, ele e as pessoas com quem teve contato nos últimos cinco dias seguem diretamente para quarentena.

Desde maio do ano passado, a Ambev usa o MPI (Mapeamento Preventivo de Interação) nas cervejarias, um aplicativo para smartphones, desenvolvido pela equipe de inovação da empresa, que usa bluetooth para mapear as aproximações físicas entre funcionários dentro das fábricas. Caso um funcionário teste positivo, é possível saber quais foram suas interações com outras pessoas e quanto tempo duraram. A tecnologia ajuda a identificar quais são os contactantes que devem ser isolados preventivamente. O aplicativo foi disponibilizado gratuitamente para uso em outras empresas e o protocolo do SESI traz mais informações sobre ele.

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