Números preliminares do Radar SIT – plataforma do Ministério do Trabalho e Previdência – apontam que em 2021 o Brasil registrou 423.217 acidentes de trabalho, média de 1.159 registros por dia. Do total, 133.757 casos necessitaram de tratamento por período maior de 15 dias e 1.694 óbitos foram contabilizados. No mês de abril, empresas, órgãos públicos e instituições estão aderindo à campanha Abril Verde, que visa à promoção da conscientização e da importância da prevenção aos acidentes de trabalho e a garantia à saúde do trabalhador.
Em 2003, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) instituiu o dia 28 de abril como o Dia Mundial de Segurança e Saúde no Trabalho, em memória às vítimas de um acidente ocorrido em uma mina no estado da Virgínia, nos Estados Unidos, em 1969, ocasionando a morte de 78 pessoas. No Brasil, a data foi promulgada como o Dia Nacional em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho, pela Lei nº 11.121, em 2005.
Os últimos dados da OIT indicam que de 2012 a 2020 foram registrados 5,6 milhões de doenças e acidentes do trabalho no Brasil, com um gasto previdenciário que ultrapassa R$ 100 bilhões somente com despesas acidentárias, implicando perda de 430 milhões de dias de trabalho.
“São estatísticas alarmantes e um problema de saúde pública. Uma lesão, trauma ou amputação traz graves consequências para a vida das pessoas, como o afastamento do trabalho, muitas vezes por longo período ou por toda a vida, causando um impacto econômico em sua casa.”, ressalta o presidente da Sociedade Brasileira de Trauma Ortopédico (TRAUMA), Dr. Vincenzo Giordano.
Do total de casos em 2021, a queda de pessoa com diferença de nível foi a causa da maior parcela dos acidentes – 53.843. A região mais atingida foi o dedo, com 83.229 registros, sendo ferramenta, máquina, equipamento e veículos os principais agentes causadores. “A perda do polegar, por exemplo, resulta em quase em 100% dos casos em afastamento permanente”, lembra o especialista.
Informalidade
Um outro cenário preocupante e que traz mais alerta à questão dos acidentes é o trabalho informal, que alcançou taxa de 40,2% no primeiro trimestre de 2022. Neste período, o mercado de trabalho registrou 38.326 milhões de trabalhadores atuando na informalidade, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), apurada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgados no último dia 31 de março.
“No trabalho informal, boa parte das vezes, não há as medidas necessárias para que o profissional realize seu trabalho com segurança, usando equipamentos de proteção adequados. Além disso, a falta de fiscalização aumenta os riscos e o número de acidentes. Finalmente, estes acidentes são subnotificados, uma vez que não há registro de notificação, por se tratar de uma ocupação informal”, fala o médico.
O presidente do Trauma Ortopédico ressalta a importância de difundir cada vez mais informações sobre a prevenção junto à população. “É urgente levar a cultura da prevenção ao empregador e ao trabalhador no Brasil, expondo os dados de acidentes e afastamentos, demonstrando, assim, os seus prejuízos e consequências para toda a sociedade”, conclui.
Proteção+ – Brasil registrou mais de 1.100 acidentes de trabalho por dia em 2021 – Veja a notícia completa aqui.