Empresas que vinculam remuneração de executivos a objetivos climáticos apresentam maior progresso na agenda sustentável

As empresas que mais avançam na pauta ambiental têm utilizado a remuneração variável como estratégia-chave para incentivar executivos a cumprirem metas sustentáveis. Segundo o estudo CDP Corporate Healthcheck, realizado pelo Carbon Disclosure Project (CDP) em parceria com a consultoria Oliver Wyman e o Fórum Econômico Mundial, 78% das companhias que atrelam bônus a objetivos ambientais estão no caminho certo para alcançá-los.

A pesquisa analisou 25 mil empresas globalmente, incluindo 1.800 da América Latina, e classificou seu desempenho em cinco categorias essenciais: transparência, governança, metas, estratégia e progressos ambientais. Apenas 10% das empresas implementam ações concretas em todas as áreas, e 1% atinge o mais alto nível de maturidade ambiental.

Além da remuneração de executivos, o estudo destacou quatro “alavancas essenciais” para o avanço sustentável: planos de transição climática, precificação interna do carbono e engajamento da cadeia produtiva. Empresas que adotam essas práticas apresentam melhor desempenho climático, enquanto aquelas que não as incorporam ficam para trás.

Empresas brasileiras e transparência

No Brasil, a transparência se sobressai, impulsionada por uma nova regra da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que tornará o país o primeiro a exigir que empresas listadas na Bolsa divulguem relatórios ambientais conforme o padrão do International Sustainability Standards Board (ISSB). A obrigatoriedade entra em vigor em 2027, mas algumas organizações já buscam se antecipar.

Apesar desse avanço, especialistas apontam que as empresas brasileiras ainda precisam evoluir em governança e estratégia climática. Segundo Nicolette Bartlett, líder de impacto do CDP, o desafio é expandir a atuação ambiental para além da transparência, fortalecendo ações estruturais e de longo prazo.

A implementação de planos de transição ecológica bem estruturados e o alinhamento do planejamento financeiro com metas climáticas são fatores essenciais para acelerar o progresso das organizações.

Regulação e coleta de dados

A regulação ambiental tem sido um fator determinante para impulsionar a agenda ESG nas empresas. Segundo o estudo, blocos como a União Europeia e o Reino Unido estão entre os mais avançados nesse sentido, mas ainda possuem lacunas a preencher.

Para empresas que buscam se destacar, a recomendação é aprimorar a coleta de dados de toda a cadeia produtiva para identificar desafios e oportunidades na transição ecológica. Além disso, a engajamento da alta liderança com a pauta ambiental é essencial para garantir que os esforços sustentáveis gerem retorno financeiro e competitividade no mercado.

O relatório foi apresentado no Fórum Econômico Mundial, reforçando a importância de políticas ambientais estratégicas para o futuro das empresas.

Fonte: O Estado de S. Paulo. Bônus têm sido chave para atingir objetivos. Acesso em 11 de fevereiro de 2025.

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