Durante a pandemia a atividade industrial paralisada em alguns momentos, a própria redução das atividades na área de serviços e a circulação de pessoas permitiram aos cientistas constatarem uma diminuição das emissões de gases de efeito estufa na atmosfera. Estima-se que em 2020 o total das emissões seja 6% menor do que em 2019.
Aos interessados no mundo do automóvel que não fazem a menor ideia do que estamos falando: para atingir as metas do Acordo de Paris e conter o aumento da temperatura global, assim como eventos extremos como furacões, tempestades, secas, além de salvar milhões de vidas que não ficarão expostas a doenças respiratórias – morrem, por exemplo, quatro pessoas todos os dias em São Paulo por enfermidades relacionadas à poluição do ar – as emissões devem ser reduzidas em 7% ao ano nas próximas décadas.
Os especialistas concordam que diminuir 6% em poucos meses não é uma boa notícia porque, com a pandemia controlada, as emissões voltarão a bater recordes, como aconteceu após a crise de 2008-2009, quando as medições atingiram os maiores valores na série histórica, iniciada nos anos 1970.
É preciso assumir que o transporte faz parte da economia globalizada que os habitantes deste planeta desenharam para o futuro. E compreender que as pessoas e as mercadorias movimentam-se para distâncias cada vez maiores. Isso não vai mudar.
A pandemia puxou o freio de mão da mobilidade e traz uma reflexão importante: é possível diminuir os deslocamentos, tanto o pessoal quanto o das mercadorias? Imagine, nobre leitor, o percurso de um produto comprado pela internet. Importado ou nacional esse produto precisa de um veículo para chegar até você. E isso representa CO2 e outros gases liberados na atmosfera.
As emissões do que é chamado rodoviário – tudo o que não se movimenta na água, no ar ou sobre trilhos – representam 72% das emissões globais. É muita coisa e a curva segue ascendente.
Não importa se o veículo será elétrico ou a combustão com a utilização de novas tecnologias e combustíveis mais limpos como o etanol e o biodiesel. Mas é vital permanecer firme no caminho da diminuição dos gases de efeito estufa.
A indústria automotiva continua incansável no desenvolvimento de soluções para reduzir ainda mais ou acabar com as emissões – o que, convenhamos, parece impossível nas próximas décadas. Comparado com a aviação e a navegação marítima ou de cabotagem os veículos inegavelmente apresentaram grande evolução e um comprometimento com esse tema.
E não poderia ser diferente, pois a utilização de combustíveis fósseis faz dos milhões de automóveis, motocicletas, caminhões e ônibus em circulação os maiores vilões da poluição do ar. Aqui cabe um esclarecimento importante: isso não é verdade pois o agronegócio, com a produção bovina e o desmatamento, é a atividade que mais libera gases de efeito estufa na atmosfera.
Quem gosta de carro ou de alguma forma está envolvido no mundo automotivo precisa saber, neste Dia Mundial do Meio Ambiente, seu papel na transformação da mobilidade que ao longo dos próximos anos pode matar mais do que essa crise sem precedentes pela qual passamos.
Fazemos parte do processo e temos agora a ferramenta das mídias sociais para mostrar como devem ser construídos os produtos e criadas as soluções sem as imposições das organizações que atuam no mercado.
Pandemia. O segmento que mais contribuiu para a redução das emissões durante abril foi o transporte rodoviário. Estima-se, com as ruas vazias de trânsito, queda que 43% das emissões. O estudo, publicado em maio pela revista Nature Climate Change, analisou dados de 69 países responsáveis por 97% das emissões globais de CO2.
Pandemia 1. O setor da aviação, um dos mais afetados pelo confinamento, com redução de 75% da atividade, foi responsável pela diminuição de apenas 10% das emissões durante a pandemia.
Congestionamento. Você sabia que o enorme aumento da quantidade de deslocamentos anula os avanços das evoluções tecnológicas e até mesmo dão menor valor às leis que exigem redução das emissões, como as normas do Proconve e as restrições de circulação em centros urbanos?
Novo normal. Comprometer os avanços para uma economia de baixo carbono nos próximos anos por causa de combustíveis fósseis mais baratos, e o incremento das atividades econômicas, é a maior preocupação dos recentes estudos realizados no mundo.
$$ verde. Os economistas começam a introduzir conceitos de economia circular e consumo consciente nas considerações de investimentos globais. São práticas ambientais, sociais e de governança, exigências e protocolos que estão crescentemente sendo integrados nas decisões de credores, investidores e companhias. Esses parâmetros definem a captação de dinheiro a juros menores e está sendo amplamente motivado por maior preocupação com riscos físicos relacionados ao clima, bem como pela maior conscientização sobre os riscos de transição para o desenvolvimento de tecnologias e produtos mais “sustentáveis”.