No dia 3 de agosto, começam a valer as novas normas para a gasolina vendida no Brasil. A expectativa é que o combustível seja melhor que o atual, proporcionando aumento do rendimento dos motores e, com isso, redução do consumo. A má notícia é que o preço deverá subir.
A nova gasolina é resultado das normas estabelecidas pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Bi o combustíveis (ANP) na Resolução 807/2020. Em resumo, as novas especificações têm a finalidade de aprimorar a qualidade do combustível.
A resolução foi publicada em janeiro deste ano, e a entrada em vigor no início do mês que vem teve como finalidade permitir às refinarias uma adequação às regras. Ao menos no papel, o dia 2 de agosto é o prazo final para que possíveis estoques do combustível de especificação anterior sejam entregues aos postos. Isso significa que o reflexo não será imediato no carro, já que ao menos durante alguns dias do mês que vem os tanques dos postos ainda terão combustível antigo.
Apesar do prazo legal, porém, a ANP informa que a maior parte da gasolina comercializada atualmente já está com as novas especificações.
A nova especificação da gasolina estabelece valor mínimo de massa específica (ME), de 715,0 kg/m³, o que significa mais energia e menos consumo. De acordo com o diretor de combustíveis da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA), Rogério Gonçalves, esse valor representa a densidade da gasolina.
Gonçalves diz que não havia controle do governo sobre esse índice. Por isso, algumas distribuidoras importavam combustível “muito leve”, de densidade muito baixa. Com a adição obrigatória de etanol (atualmente em 27%), ela se enquadrava na especificação vigente. Porém, o consumo do motor aumentava.
Mais grave do que isso, porém, era o fato de que gasolina de octanagem baixa chegava a quebrar o motor, “mesmo em carros novos”, diz engenheiro.
Outro ponto importante da resolução é que a partir de agora o governo passa a adotar também o padrão de medição da octanagem da gasolina pelo método RON (Research Octane Number), já presente nas especificações da gasolina de outros países.
Existem dois parâmetros de octanagem – MON (Motor Octane Number) e RON. No Brasil, só era especificada a octanagem MON (que dá um número mais alto) e o índice antidetonante (IAD), que é a média entre MON e RON.
O valor mínimo de octanagem RON, para a gasolina comum, será 92, a partir de 3 de agosto de 2020, e 93, a partir de 1º de janeiro de 2022. Já para a gasolina premium, será de 97, já a partir de 3 de agosto próximo.
A ANP informa que as mudanças procuram atender aos atuais requisitos de consumo de combustível dos veículos e de níveis de emissões, cada vez mais rigorosos. E também adequa-se às regras de limites de emissões previstos nas próximas fases do Programa de Controle de Emissões Veiculares (Proconve), além do programa Rota 2030 do governo.
Além de estabelecer as novas especificações da gasolina, a Resolução ANP nº 807/2020 determina as obrigações quanto ao controle da qualidade a serem atendidas pelos agentes econômicos.
A ANP informa que, como os preços dos combustíveis são liberados desde 2002, a entidade não regula nem faz projeções sobre possíveis impactos nas cotações dos combustíveis. De qualquer forma, como boa parte da gasolina já está sendo produzida dentro das novas especificações, não deve haver variação significativa nos preços.
Fonte: O Estado de São Paulo.