O governo de São Paulo vai restringir a circulação de pessoas à noite a partir desta sexta-feira, 26, para conter o avanço da pandemia de covid-19 no estado. Das 23 horas até as 5 horas da manhã somente deslocamentos essenciais – como voltar do trabalho, ir a hospitais ou farmácias – são permitidos. O comércio não essencial precisa fechar neste horário, mesmo que uma região esteja em uma fase da quarentena menos restrita. No período, qualquer aglomeração é proibida.
A nova regra se estende até 14 de março e a Polícia Militar vai fazer a fiscalização, incluindo blitz nas ruas de grandes cidades do estado, focado em verificar principalmente possíveis aglomerações. Não haverá multa para as pessoas, apenas para os estabelecimentos em que haja aglomeração.
Durante o dia, valem as restrições de acordo com a fase em que a região está. A Grande São Paulo, por exemplo, está na 3 amarela.
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), reforçou que não se trata de um lockdown porque os serviços considerados essenciais, como farmácias e postos de gasolina, podem funcionar.
“O transporte público não será interrompido. Ele será restringido, limitado, mas não será interrompido. Não vamos punir as pessoas que estejam retornando para casa. É um toque de restrição, não é lockdown”, disse ele em entrevista no Palácio dos Bandeirantes nesta quarta-feira, 24.
O estado tem um total de 1.990.554 casos confirmados e 58.199 óbitos causados pela covid-19. A taxa de ocupação em leitos de UTI está em 69% em todo o estado e da Grande São Paulo, com 6.657 pacientes internados em terapia intensiva.
“Tomamos uma série de medidas para que não tivesse aglomerações no período do Carnaval. Acho que grande parte da população respondeu, mas infelizmente, em especial na última semana, vimos um aumento no número de novas internações no estado de São Paulo. Um aumento de quase 10% no número de novas internações em uma semana. E esse dado é ainda mais dramático quando olha os leitos de UTI”, disse Paulo Menezes, coordenador do Centro de Contingência da Covid-19, em entrevista coletiva nesta quarta-feira, 24.
Em algumas cidades do interior, como Araraquara, não há mais leitos disponíveis e a prefeitura determinou o lockdown até domingo. São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, já tinha implementado um toque de recolher das 22h às 5h no começo da semana.
Na segunda-feira, o coordenador-executivo do comitê de saúde, João Gabbardo, disse que o grupo enviou ao governo do estado uma série de propostas para restringir a circulação de pessoas, incluindo o lockdown. O objetivo das recomendações era reduzir as internações de pacientes com o coronavírus, que atingiram nesta semana o maior número desde o início da pandemia.
Há um mês, o governo de São Paulo determinou o fechamento de todas as atividades não essenciais no período noturno e aos finais de semana. A medida valia mesmo que uma região estivesse em uma fase menos restrita da quarentena.
Duas semanas depois, mesmo com uma baixa no número de internações dentro da estabilidade, a gestão paulista suspendeu a regra. Na semana passada o governo flexibilizou mais as restrições e permitiu a venda de bebidas alcoólicas até as 22 horas nos restaurantes, antes era só até 20h. A regra vale somente para regiões na fase 3 amarela da quarentena, como é o caso da capital paulista.