O governador Eduardo Leite confirmou, nesta quinta-feira (25), a suspensão da cogestão do modelo de distanciamento controlado, adotado para restringir as atividades durante a pandemia de coronavírus no Rio Grande do Sul. Com o sistema, as prefeituras poderiam adotar medidas mais brandas do que as estabelecidas no esquema de bandeiras do governo estadual.
A suspensão irá valer por nove dias, entre este sábado (27) e o domingo da próxima semana, dia 7 de março. Desta forma, os municípios deverão cumprir as regras determinadas pelo estado a partir desta sexta-feira (26), com o anúncio do mapa das bandeiras.
A suspensão geral de atividades entre 20h e 5h, que já está em vigor, segue mantida.
Além disso, diante do agravamento da crise do coronavírus, o governo definiu que todo o estado será classificado como bandeira preta, devido a uma nova regra que avalia a relação entre o número total de leitos de hospitais disponíveis e o número de leitos ocupados. Caso esse comparativo seja menor de 0,35, a bandeira preta será aplicada em todo o estado. Atualmente, esse índice está abaixo de 0,35.
“Nosso sistema é interligado, e fatalmente o extravasamento de pacientes de uma região pra outra compromete o sistema como um todo”, afirmou Leite.
A bandeira preta para todo o estado passa a valer no próximo sábado (27).
Reunião com municípios
As definições ocorreram após reunião com representantes de municípios, realizada durante a tarde. O governador Eduardo Leite disse que o momento era de centralizar as decisões.
“Não estamos dentro da normalidade. Para dar esse golpe na taxa de contágio, nós precisamos ser mais restritivos desde já”, falou.
Eduardo Leite classificou a situação como “absolutamente extraordinária” e que a solução do problema passa pela consciência de todos.
“É por isso que é tão importante que nós nos alinhemos em medidas mais restritivas agora. Nós precisamos dos prefeitos agora. Não dá para pagar para ver o que vai acontecer a partir das medidas que nós já adotamos a partir desta semana”, disse.
No mesmo encontro, a secretária da Saúde, Arita Bergmann, alertou para o grau de ocupação dos leitos hospitalares no RS e disse estar vendo “o pico do Everest”, em referência ao risco de esgotamento do sistema de saúde.
Opiniões divergentes
Líderes de associações de municípios manifestaram suas opiniões durante a reunião, realizada durante a tarde desta quinta. Enquanto alguns representantes defenderam a suspensão da cogestão, observando o esgotamento da capacidade hospitalar, outros criticaram a medida, alegando que ela iria prejudicar o comércio e outras atividades econômicas.
No encontro, o prefeito de Porto Alegre disse que o município irá respeitar a decisão do Palácio Piratini. Sebastião Melo, entretanto, disse discordar da postura do governador Eduardo Leite.
“Decisões políticas devem ser respeitadas. O senhor já veio para esta reunião com uma decisão tomada. Eu respeito a sua posição e não concordo com ela”, afirmou.
O Ministério Público Estadual também participou do debate. O procurador-geral de Justiça, Fabiano Dallazen, declarou o apoio do órgão à decisão de Eduardo Leite e disse que o modelo de cogestão abrandava o controle sobre as atividades econômicas e sociais.
“Nós precisamos reduzir o número de circulação. E o fato é que o exercício da cogestão, especialmente pelas pressões locais, faz com que, necessariamente, na prática, haja um abrandamento”, comentou.
Nesta quinta-feira, o RS somou mais 120 mortes por coronavírus, totalizando 12.149 óbitos desde o início da pandemia. A taxa de ocupação das UTIs segue acima de 90%.