Todos os anos, a Previdência Social registra cerca de 700 mil casos de acidentes no trabalho. O Brasil é o quarto país com maior índice de ocorrências dessa natureza. Somente entre 2012 e 2018, foram 4,26 milhões de afastamentos, de acordo com o Observatório Digital de Saúde e Segurança do Trabalho, da Secretaria do Trabalho. Os números são altos e demonstram a importância de conduzir boas políticas de SST nas indústrias. “É importante construir um modelo de gestão focado na cultura de prevenção. Aliar tecnologias, inovações e gestão é o caminho para trazer a saúde e a segurança dos trabalhadores e das indústrias”, explica Rosangela Fricke, gerente executiva de Segurança e Saúde para a Indústria do Sistema Fiep. Os custos atrelados a uma gestão ineficaz são tão altos quanto os dados: os gastos com benefícios acidentários foram de 28,82 bilhões de reais de 2012 a 2018.
Características dos líderes
Em 2020, a pandemia da COVID-19 exigiu respostas rápidas dos gestores de SST. Embora seja um cenário diferente, não é incomum: mudanças e atualizações na legislação são frequentes na área. Por isso, uma boa liderança é essencial na condução das políticas de SST. “A característica principal dos líderes é a adaptabilidade. No enfrentamento à COVID-19, por exemplo, é preciso ter muito planejamento e organização para determinar as ações corretas em cada situação e atividade, sempre com foco na proteção dos trabalhadores e manutenção das atividades”, destaca Dalton Toffoli, coordenador de Segurança e Saúde no Trabalho do Sesi Paraná.
Outras competências importantes são resiliência e inteligência emocional – o trabalho de conscientizar todos os níveis hierárquicos de uma organização pode ser bastante desafiador. O líder é quem vai apoiar e disseminar uma cultura de prevenção, influenciando outras pessoas, fornecendo informação e dando o exemplo com suas próprias atitudes, buscando o progresso de todos. “É preciso estar à disposição para apoiá-los, facilitando o entendimento e conscientização da equipe. Outro ponto fundamental do líder é ter escuta ativa e saber ouvir e interpretar as necessidades de cada liderado, pois eles são a peça-chave para novas ideias, na implantação de uma nova cultura e no bem-estar da equipe com produtividade”, complementa Dalton.
Tecnologia, comprometimento e atualização
O momento atual exige adaptação. Se a pandemia potencializou a necessidade de lideranças efetivas nas indústrias, a evolução dos processos industriais já vinha modificando as políticas de SST. Com a implementação de novas tecnologias da Indústria 4.0, os recursos disponíveis para monitoramento e análise dos ambientes de trabalho foram ampliados. “Podemos monitorar e analisar estatisticamente as condições de saúde dos trabalhadores de maneira antecipada e, assim, escolher os melhores caminhos para garantir não só o atendimento legal, mas manter ou até melhorar as condições de trabalho e saúde dos trabalhadores”, reforça Rosangela.