Durante uma conferência ambiental iniciada em Lisboa, Portugal, nesta segunda-feira (27), o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, disse ao público presente que os oceanos estão em “estado de emergência”, ressaltando como o aquecimento global vem impactando negativamente a saúde de nossos mares.
Segundo diversos estudos, os oceanos são responsáveis por fornecer pelo menos 50% do oxigênio respirável da Terra, e têm ajudado a amortecer o impacto do aquecimento global para nós, seres vivos da terra firme. Mas isso não veio sem custos: à medida em que os níveis de dióxido de carbono (CO2) nas águas aumentam, os mares que o absorvem vêm se tornando cada vez mais ácidos, o que impacta diretamente os animais e vegetais marinhos.
Além disso, mais de 90% do calor em excesso das mudanças climáticas vem causando ondas que estão matando recifes de coral, efetivamente ampliando as zonas com pouco ou nenhum oxigênio para as espécies respirarem.
“Nós estamos apenas começando a compreender a extensão com a qual o aquecimento global está destruindo a saúde dos nossos oceanos”, disse Charlotte de Fontaubert, líder global do Banco Mundial para assuntos climáticos.
Isso tudo, fora um aumento no volume de poluição – o equivalente a um caminhão de lixo cheio de plástico por minuto, segundo o United Nations Environment Programme (UNEP). No ritmo atual, a produção de lixo plástico pode triplicar para até um bilhão de toneladas até 2060, segundo relatório da Organização para Cooperação Econômica e Desenvolvimento (OECD).
A conferência terá uma duração de cinco dias, onde panelistas também pretendem falar sobre o impacto das pescas irrestritas: “pelo menos um terço dos peixes selvagens são pescados em excesso, e menos de 10% dos oceanos estão protegidos”, disse Kathryn Matthews, cientista chefe da ONG norte-americana Oceana, à AFP. “Embarcações de pesca destrutivas e ilegais ainda operam com impunidade em muitas águas costeiras e no mar aberto”.
De acordo com a ONG, parte da culpa disso vem do próprio governo: US$ 35 milhões (R$ 183,23 milhões) foram entregues à indústria da pesca em subsídios. A Organização Mundial do Comércio (WTO) vem tomando medidas para reduzir esses benefícios, mas experts dizem que o efeito disso será mínimo – se é que haverá algum.
Outros pontos de interesse da pesquisa serão a ampliação de regiões de preservação de águas e a capacidade dos oceanos em emergência em absorver CO2, seja pelo aumento de proteções naturais, como mangues e pântanos; ou esforços artificiais, como geoengenharia.
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