A pandemia da Covid-19 não sensibiliza apenas a saúde física das pessoas mas também a saúde mental. O isolamento social e inseguranças como desemprego, medo de contaminação e convivência com as mortes desencadeiam um ciclo de estresse e medo nas pessoas. Pesquisa recente da Universidade de São Paulo (USP) apontou que, em uma lista de onze países, o Brasil lidera com mais casos de ansiedade (63%) e depressão (59%), seguido, respectivamente, da Irlanda e dos Estados Unidos.
“Esse aumento tem feito mais pessoas buscarem atendimento psicológico”, afirma o psicólogo Kleber Marinho, em reportagem publicada sobre o tema no portal Consumidor Moderno. De acordo com ele, é perceptível a piora em quadros que estavam estáveis até o início da pandemia.
“Nos tempos atuais, pensar na ideia do medo e estresse como companhia assemelha-se à experiência de viver dentro de um filme de terror ou distópico”, explica Marinho, que também é supervisor clínico responsável pela Clínica PPI (Psicologia e Psiquiatria Integradas).
Segundo o especialista, entre os mais atingidos estão os desempregados e os jovens, fase da vida em que o externo e as relações fora de casa são muito valorizadas, além das mulheres, que vivem em situação ainda mais complexa. “Houve um aumento dos casos de abuso sexual, violência doméstica, feminicídio e outras formas tóxicas e abusivas de relacionamentos, somadas às jornadas duplas ou triplas de trabalho, que envolvem cuidados com os filhos, tutoria escolar e uma série de atividades que sobrecarregam a mulher”, diz Marinho ao Consumidor Moderno.
Ele ressalta também que se sentir desanimado, disperso e com pouca motivação nos tempos atuais não é, necessariamente, sinal de que há alguma coisa errada com a saúde mental. “Seria estranho que estivéssemos felizes, a todo vapor, tal como vemos posts em milhares de páginas nas mídias sociais, que aliás contribuem muito para o sentimento negativo, de fracasso ou deslocamento”, afirma.
Na reportagem, o psicólogo sugere buscar recursos para enfrentar o cotidiano de forma mais suave. De acordo com ele, a prática de atividade física, que libera hormônios importantes ligados ao humor, emoção e sensação de bem-estar e prazer, se tornou ainda mais importante para a saúde. Já a terapia online, que antes da pandemia era algo pouco comum, também é fundamental para lidar com as pressões e medos deste momento.