Você já teve a sensação de que quando entra em um edifício, seus olhos, narinas e garganta resseca, ficam irritados, surge uma dor de cabeça, fadiga, você sente odores de umidade ou até mesmo seu rendimento físico e intelectual pioram? É possível que este local seja um edifício doente.

 

O que é a SED (Síndrome do edifício doente)?

Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), a SED é definida como “um conjunto de doenças causadas ou estimuladas pela poluição do ar em espaços fechados”. Um edifício é considerado doente quando 20% dos seus ocupantes, desenvolvem algum tipo de problema de saúde relacionado à permanência no local.

De fato, é difícil imaginar que dentro do ambiente de trabalho, aparentemente seguro e confortável, estamos propensos a adquirir doenças apenas por estar respirando. Mas infelizmente, essa é uma realidade que pode atingir até 50% dos ambientes de trabalho no Brasil, segundo a OMS.

Geralmente as pessoas se preocupam na qualidade dos alimentos que comem e da água que bebem, e acabam esquecendo do principal que é o ar que respiramos. O ser humano respira em média 9.000 litros de ar por dia, o qual carrega milhares de vírus, bactérias e fungos e em um ambiente de trabalho com aglomeração de pessoas, essa transmissão pode se intensificar ainda mais.

Alguns fatores importantes que podem contribuir para o desenvolvimento da SED é a idade de construção daquele edifício, a qualidade da construção e a manutenção que é feita periodicamente. A maioria dos edifícios presentes nas grandes metrópoles são de décadas passadas, onde não se tinha tanta preocupação com o assunto, não existia tanta tecnologia de construção e nem se imaginava que um edifício poderia causar doenças.

De acordo com estudos realizados na revista Environmental Health, quando 30% dos ocupantes do edifício relatam algum sintoma referente à SED, deve-se ter atenção e investigar as causas. Esses locais facilitam o aumento de faltas e apresentação de atestados médicos, levando a desfalques no quadro de funcionários podendo comprometer o funcionamento da empresa. A qualidade do ar impacta diretamente na saúde ocupacional, pois, em lugares comprometidos, a produtividade e qualidade de vida dos trabalhadores são prejudicadas.

Essa percepção de que um edifício poderia causar males, só foi obtida pela OMS quando houve uma contaminação coletiva de pneumonia num hotel na Filadélfia, o que ocasionou a morte de 34 pessoas. No Brasil, um caso no fim da década de 1990, levando a óbito o então ministro das Comunicações, Sérgio Motta, pelo agravamento de seu quadro de saúde que, segundo muitos, foi devido à presença de fungos no ar.

Sinais e sintomas da SED

As doenças relacionadas ao edifício geralmente apresentam sintomas agravados durante os dias úteis, amenizando pela noite e aos finais de semana, períodos onde o trabalhador se ausenta. Os sintomas podem aparecer isoladamente, ou em conjunto, e muitas vezes não é feita a investigação da condição sanitária do edifício por ser confundido com uma doença respiratória comum.

Alguns odores e a irritação de mucosas (olhos e boca), podem ocasionar estresse levando a comportamentos específicos, como abrir uma janela ou sair do local. Esses são sinais de que o ambiente pode apresentar uma qualidade de ar abaixo do recomendado.

A OMS definiu, em 1982, que dor de cabeça, fadiga, letargia, coceira e ardor nos olhos, irritação do nariz e garganta, problemas cutâneos e dificuldade de concentração estão intimamente relacionados com a síndrome do edifício doente.

Quais as causas da SED?

O surgimento dessas doenças pela poluição do ar em ambientes fechados, além de estarem relacionados com a construção do edifício, são provenientes das coisas que estão presentes no local. A nossa pele, roupas, móveis, cortinas, carpetes, divisórias, forros, produtos químicos de limpeza, inseticidas, desodorizantes, máquinas de impressão, plantas, papéis e muitos outros itens soltam aerossóis, gases ou vapores que se espalham pelo ar. Estruturas comprometidas com mofo, bolor e fungos também intensificam a liberação de bioaerossóis.

Outros locais como reservatórios com água parada, torres de resfriamento, bandejas de condensado, desumidificadores, umidificadores, serpentinas de ar condicionado, são locais que podem ser foco de agentes biológicos. Outros fatores que podem desencadear problemas em seus ocupantes são iluminação, nível de ruídos, campos eletromagnéticos, temperatura e umidade do ambiente.

Como podemos nos prevenir e combater esse mal?

Algumas ações e medidas práticas de prevenção, podem ser tomadas para evitar a síndrome do edifício doente como: salas claras e espaçosas, decoração com uso de pouco tecido, móveis revestidos com materiais de superfícies lisas, claras e de fácil limpeza. Em ambientes com grande circulação de pessoas, o piso frio é preferível aos carpetes. Deve-se corrigir Infiltrações e vazamentos, ambientes úmidos e os materiais porosos, como forros, paredes e isolamentos, merecem atenção diferenciada para não se tornarem foco de contaminantes.

Essas ações precisam ser tomadas em conjunto com um bom sistema de ar-condicionado, principalmente em ambientes que dependem 100% da ventilação mecânica.

Os filtros de ar são fundamentais, pois eles coletam e retém todo material vindo do ar externo, eles acumulam muita sujeira, dificultando a renovação do ar. O uso de um programa preventivo para troca dos filtros é essencial para o bom funcionamento do sistema de climatização.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determina quais níveis devem ser seguidos de qualidade de ar, para ambientes de uso público ou coletivo, que possuam climatização artificial. A legislação que visa a garantia da qualidade do ar em ambientes climatizados é a Portaria 3.523/98, do Ministério da Saúde, que estabeleceu procedimentos de limpeza em sistemas de refrigeração de grande porte.

Você sabe o que é o PMOC?

A sigla PMOC significa Plano de Manutenção, Operação e Controle. Esse plano estipula os processos e a frequência com que se deve verificar o estado de limpeza e conservação dos sistemas de climatização, a fim de manter o ambiente livre de fungos, bactérias, ácaros, vírus, entre outros.

Como saber se preciso de um PMOC?

Conforme a Lei n°13.589/2018, todos os edifícios de uso público e coletivo e também de uso restrito que possuam ambientes climatizados artificialmente necessitam realizar o plano. Se o sistema de climatização do seu empreendimento possui na somatória de todos os ambientes, cargas acima de 60.000 BTU/H, ele deve fazer a elaboração do PMOC.

Caso você não se enquadre na carga descrita acima, não é exigido que seja feita a elaboração do PMOC, porém mesmo com cargas inferiores, é imprescindível que se mantenha uma boa qualidade de ar no ambiente de trabalho, afinal, você não quer que seus funcionários desenvolvam doenças, certo?

Quem pode elaborar, e o que compõe o PMOC?

Deve-se recorrer à profissionais técnicos registrados no órgão regulador, devidamente habilitados para tal função. No plano elaborado pelo profissional habilitado, as seguintes informações precisam estar claras:

·         identificação do estabelecimento;

·         número de ocupantes nos ambientes climatizados;

·         carga térmica total dos equipamentos;

·         identificação do responsável técnico;

·         relação dos ambientes climatizados;

·         descrição das atividades e periodicidade delas.

O que acontece caso não seja feito um PMOC?

A legislação não deixa muito clara quais punições podem ser tomadas caso você não cumpra as exigências propostas. Entretanto, há casos onde multas acima de R$300.000 foram aplicadas por juízes, após serem instauradas ações no Ministério do Trabalho.

 

 

AIR SHIELD – Síndrome do edifício doente: o que é, como nos afeta e quais as soluções? – Veja a notícia completa aqui