O uso de máscaras conhecidas como respiradores (como N95 e PFF2/FFP2) se mostrou amplamente eficaz para evitar a transmissão da covid-19 durante a pandemia, segundo diversos estudos ao redor do mundo.

Mas com o recuo do número de infecções, internações e mortes e o avanço da vacinação, diversos países e também Estados brasileiros têm anunciado o fim da obrigatoriedade do uso da máscara em lugares abertos ou fechados.

Ao menos 17 unidades da federação já flexibilizam o uso do equipamento em lugares fechados, com algumas exceções (como transporte público e unidades de saúde, por exemplo). Mas diversos especialistas (e alguns governadores) têm afirmado que essa flexibilização tem sido precipitada e pode levar a uma explosão de casos, colocando em risco grande parte da população.

É importante lembrar também que a covid-19 ainda mata mais de 300 pessoas por dia no Brasil. Ao todo, morreram pelo menos 656 mil pessoas no país em decorrência da doença. E nem todo mundo está completamente vacinado contra a covid: menos da metade das pessoas com menos de 50 anos tomaram a terceira dose (“booster”).

Além disso, há diversas preocupações em torno da subvariante da ômicron (BA.2) e da variante “deltacron” (apelido dado à nova linhagem AY.4/BA.1) e do aumento de infecções em localidades da Ásia e da Europa, como Hong Kong, China, Alemanha, França e Reino Unido.

No caso do Brasil, o Estado mais recente a flexibilizar suas regras de uso obrigatório de máscara foi São Paulo. Em 17/03, o governador paulista, João Doria (PSDB), decretou o fim da exigência do uso da proteção facial contra a covid-19 em ambientes fechados, exceto transporte público e unidades de saúde.

Segundo o mandatário, a decisão foi tomada com base em “uma nota técnica do Comitê Científico que demonstra uma melhora consistente na situação epidemiológica no Estado”.

Cada Estado tem adotado uma regra própria. No Rio de Janeiro, por exemplo, um decreto publicado em 03/03 pelo governador, Claudio Castro (PL), deixou a cargo dos municípios fluminenses flexibilizar ou não o uso de máscara em lugares fechados.

”Independentemente da decisão tomada por cada secretaria municipal, aquelas pessoas que desejarem continuar usando máscara em locais fechados ou abertos podem assim fazê-lo. Recomendamos que pessoas com sinais e sintomas respiratórios mantenham o uso da máscara se forem entrar em contato com outras pessoas. O ideal é que essas pessoas façam isolamento”, afirmou o secretário estadual de saúde do RJ, Alexandre Chieppe.

O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), anunciou o fim da obrigatoriedade do uso de máscaras em 10/03, mas admitiu poucos dias depois que a proteção facial pode ser obrigatória de novo caso o número de infecções volte a aumentar significativamente.

Por outro lado, o governador da Bahia, Rui Costa (PT), disse que a decisão sobre revogar ou não a obrigatoriedade do uso de máscaras em lugares abertos e fechados só será tomada em abril. “Estamos monitorando o número de casos ativos, acho que não tem que ter precipitação. A cautela para salvar vidas humanas é sempre o melhor caminho, sem afobação. Se os números continuarem caindo, tem toda probabilidade de tirar as máscaras em ambientes abertos.”

A epidemiologista Ethel Maciel afirma que “ainda que os governos tenha retirado as restrições, a pandemia continua, os vulneráveis (idosos, pessoas com doenças imunossupressoras) seguem precisando se proteger e a máscara permanece uma medida efetiva de prevenção”.

Para o biólogo virologista e divulgador científico Atila Iamarino, “ainda é cedo (revogar a obrigatoriedade do uso de máscara). E especialmente para os menores de 5 anos (sem vacina) e para os idosos, o risco ainda é muito alto”.

Importância do uso de máscara

Segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC, na sigla em inglês), “o uso de máscaras é uma ferramenta crítica de saúde pública para prevenir a propagação da covid-19”. “Qualquer máscara é melhor do que nenhuma máscara”, avisa o centro.

Para o Ministério da Saúde brasileiro, “o uso de máscara facial, incluindo as de tecido, é fortemente recomendado para toda a população em ambientes coletivos, em especial no transporte público e em eventos e reuniões, como forma de proteção individual, reduzindo o risco potencial de exposição do vírus especialmente de indivíduos assintomáticos”.

No entanto, diversos especialistas apontam que máscaras de tecido oferecem pouca proteção, e devem ser evitadas como forma de proteção as novas variantes do coronavírus, como a delta, a ômicron (e a subvariante BA.2) e a “deltacron” (nome não oficial da nova linhagem AY.4/BA.1).

Máscaras conhecidas como respiradores (como as máscaras do tipo N95 ou PFF2/FFP2) são as que mais oferecem proteção.

Em seguida, as máscaras cirúrgicas descartáveis bem ajustadas e respiradores como as KN95 (uma variação da N95) são as que mais oferecem proteção. Mas o governo americano alerta que muitas máscaras KN95 de diversos fabricantes diferentes não passaram pelos testes técnicos — por isso recomenda-se que só se use máscaras que possuem certificação.

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