A agenda climática em breve será obrigatória para o setor privado. No que está se tornando uma onda regulatória global a favor do clima, diversos países vêm consolidando regras para empresas na divulgação pública de seus riscos climáticos e emissões de gases de efeito estufa. O último país a anunciar mudanças nessa frente foi os Estados Unidos, por meio da SEC (Securities and Exchange Commission), órgão que regula os mercados de capitais do país. A SEC lançou em março uma consulta pública para tornar obrigatório que as empresas de capital aberto reportem os impactos climáticos nos seus negócios de forma geral, além de suas emissões diretas e indiretas de gases de efeito estufa.
Além dos Estados Unidos, outros países iniciaram processos regulatórios na mesma direção. O Reino Unido em abril de 2022 passou a exigir que grandes empresas e bancos revelem os riscos da mudança climática a que estão expostos. A Nova Zelândia anunciou em setembro de 2020 planos para exigir das 200 maiores empresas do país (a maioria das seguradoras listadas, empresas abertas e grandes bancos registrados) a divulgar emissões. Hong Kong, Japão, União Europeia, Singapura e Suíça também avançaram nessa frente.
O Brasil não está de fora dessa tendência. Em abril de 2021, o Banco Central abriu consulta pública para aprimorar regras relacionadas à gestão de risco relacionado ao clima por instituições do Sistema Financeiro Nacional (SFN). E em setembro, publicou uma série de atos normativos que padroniza a divulgação de riscos e oportunidades sociais, ambientais e climáticas de instituições financeiras.
A imposição de se reportar emissões apresenta, contudo, diversos desafios, como a chance de aumento de custos indiretos para empresas na precificação de carbono. Há ainda o risco de sanções por emissões hoje não contabilizadas e pelo chamado greenwashing, quando empresas divulgam informações falsas sobre a área ambiental. Recentemente, veio a público uma investigação policial na DWS, uma das principais gestoras de recursos da Alemanha, acusada de mentir sobre a quantidade de produtos financeiros verdes no seu portfólio.
Ter clareza sobre emissões de efeito estufa e divulgar estratégias de como responder a mudanças climáticas já é realidade no setor corporativo. A empresa que não entrar nesse movimento hoje arrisca perder relevância e interesse de investidores no futuro próximo. Apesar da tendência, ainda há muito o que ser feito. Governos têm de trabalhar com reguladores e o setor privado para acelerar os processos de transição verde, tomando medidas mais proativas para contribuir com os objetivos de sustentabilidade, além do envolvimento do cliente na adoção de planos de transição.
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