Desde que o novo coronavírus foi identificado na China no final de 2019, o mundo enfrenta severas perdas humanas e os gigantescos impactos comportamentais e econômicos impostos pelo isolamento social. Até o momento, é a mais poderosa arma contra a propagação do vírus.
Com a quarentena, os padrões de operações de produção e de consumo também sofreram transformações, e o tratamento do lixo doméstico e dos resíduos sólidos industriais também deve se adaptar a essa nova realidade.
De acordo com Fiocruz — que levantou uma série de estudos sobre o assunto — , cientistas estão analisando como o coronavírus é capaz de sobreviver fora do corpo humano. Segundo estudos recentes, a sobrevida do vírus varia dependendo de qual superfície se encontra: em cobre por 4 horas, no papelão por 24 horas e em aço inoxidável e plásticos por até 72 horas.
Durante a pandemia, a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais realizou um levantamento que estima um aumento de 15% a 25% da produção de lixo doméstico durante a quarentena.
De acordo com os mesmos números, a geração dos resíduos sólidos hospitalares, com grande potencial infeccioso, pode aumentar em até 20 vezes devido ao aumento da procura pelos serviços de saúde e da quantidade de materiais descartáveis necessários para o cumprimento de protocolos de segurança para profissionais de saúde e pacientes infectados pelo novo coronavírus.
Diretrizes para gerenciamento de resíduos sólidos para combater a covid-19
Mesmo correndo contra o tempo para salvar vidas e tentar restabelecer a normalidade, os cientistas ainda não entraram em consenso sobre protocolos de tratamento para a covid-19 e ainda não há perspectivas para a aprovação e produção global das vacinas em teste contra o coronavírus.
Se antes da pandemia o gerenciamento de resíduos sólidos era uma medida fundamental para a manutenção da saúde pública e redução de impactos ao meio ambiente, o cenário se torna ainda mais desafiador quando o mundo enfrenta um inimigo invisível e potencialmente fatal.
“O tratamento inadequado dos resíduos sólidos, principalmente, podem agravar os impactos negativos à saúde pública, já que o lixo descartado inadequadamente contamina o solo e a água. Além disso, esses resíduos podem se transformar em novos focos de insetos e pragas capazes de espalhar outras doenças em meio à pandemia”.
Um dos exemplos é a epidemia de dengue. O Boletim Epidemiológico de abril de 2020, divulgado pelo Ministério da Saúde, registrou mais de 500 mil casos da doença no país. Isso acontece ao mesmo tempo que cidades brasileiras lutam contra o colapso de seus sistemas de saúde.
O momento pede que a sociedade, poderes públicos e empresas se engajem ainda mais nos cuidados com o lixo e resíduos sólidos produzidos neste período crítico.
Nos domicílios onde alguém está com a covid-19, todos os sacos de lixo devem ser reforçados, bem fechados e identificados com um bilhete de “Lixo infectante” para alertar os profissionais de coleta seletiva. Para todos, vale as recomendações de higienização de embalagens antes e depois do uso, para um descarte mais seguro e que não prejudique profissionais de limpeza e catadores autônomos.
As empresas que não trabalham com materiais perigosos devem seguir as diretrizes de gerenciamento de resíduos sólidos determinadas pela Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS, lei nº 12,305 de 2010) e obedecer às portarias e decretos de seus municípios que disponham sobre novas normas durante a pandemia.
Para orientar o manejo do lixo hospitalar, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente reuniu uma série de normas e condutas para auxiliar o gerenciamento dos resíduos sólidos dos serviços de saúde. A entidade recomenda o cumprimento das Diretrizes Técnicas da Convenção da Basiléia sobre o Gerenciamento Correto de Resíduos Biomédicos e de Serviços de Saúde, acordo ambiental mundial que dispõe sobre os cuidados com resíduos perigosos.